8 de outubro de 2012

Livre Arbítrio - Parte 3

Antes de qualquer coisa... Bem vindos! Queria agradecer àqueles que me apoiaram na criação deste outro blog.
Para quem não me conhece, sou o dono do Reflect About, blog que eu já possuo há mais de 2 anos contando da data de hoje e nos últimos tempos resolvi me arriscar por lá experimentando um outro gênero textual, os contos e crônicas, com a proposta de passar alguma reflexão mas por meio de uma história. Com isso, percebi que deu MUITO certo e o público gostou bastante, e por isso resolvi fazer esse blog com SOMENTE esse gênero. A única coisa que eu só queria deixar claro é que não manterei atualizado semanalmente ou mesmo com qualquer tipo de constância este blog com textos, por conta de serem um pouco mais trabalhosos de serem feitos e de conseguir inspiração. Entretanto, curtam a página do Papiro Moderno no Facebook e/ou sigam o perfil no Twitter para receber as atualizações de novos textos na barra ao lado direito.
E o último conto que lá eu escrevi foi o "Livre (?) Arbítrio", que eu dividi em duas partes - Parte 1; Parte 2 - e tinha a intenção de, de fato, deixá-lo com um um final aberto. Entretanto, as pessoas que leram e acompanharam, pediram que eu desse um final para ele, e como eu já estava pensando nesse projeto de um novo blog, resolvi fazer a terceira e última parte aqui.
Eu espero que quem já acompanha o Reflect continue acompanhando lá e apoiando aqui também e, é claro, que gostem e compartilhem meus textos


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Desci para a sala de pré-cirúrgico, já um pouco grogue com uma anestesia que me injetaram no CTI, mas ainda consciente.
Infelizmente, meu desejo de piorar ou de ter mais uma de minhas insuportáveis dores de cabeça não se realizaram, e, por conseguinte, não trouxeram meu fim definitivo. Sabia que Geovana não me ajudaria nisso. Ela entendia meu lado, sempre foi compreensiva, entretanto sua capacidade de superação era incomparavelmente maior do que a minha, e sua ambição por me manter vivo e ao seu lado era determinada e imutável. Só me restou o cirurgião.
A anestesia me causa lapsos momentâneos de memória, porém me lembro claramente de algumas coisas: Geovana sentada ao meu lado, acreditando que estava já dormindo em sono profundo, segurando com força minha mão e fazendo uma prece para que eu fosse salvo e Deus (novamente, se é que existia um naquele momento olhando pra mim) me ajudasse na recuperação e aumentasse minha vontade de viver.
Mas não seria essa já a "vontade divina"? Não estariam os médicos retardando o plano de Deus para o meu último suspiro como ser humano na Terra? Tentando evitar o inevitável? Perguntas difíceis de serem respondidas por um ser humano, e ainda mais um ser humano incapacitado.
Esse foi apenas um momento rápido que meus lapsos me permitiram recordar.

O fato principal que mesmo cortado eu consigo lembrar é de já estar dentro da sala cirúrgica. O doutor estava conversando com o meu eu semiconsciente informando os procedimentos cirúrgicos que seriam feitos e as possíveis consequências. Mais da metade do que foi dito eu sequer ouvi ou prestei atenção. Minha ideia fixa era meu desejo de morte. E sozinho com ele naquela sala foi meu único momento oportuno que pude recorrer para tentar realizar o que eu mais queria.
-Do...Doutor. Morr...rrer. Me mate. Tenho di....Dinheiro. Peça para G...Geovana._ Foi tudo o que conseguir dizer antes que minha garganta se irritasse e causasse uma crise de tosse horrível por conta de mal estar sentindo meu corpo.
-Por que raios eu faria isso? Minha função como médico é salvar vidas, mediante a um juramento feito na minha formatura. Eu JAMAIS poderia fazer tal ato._ Sendo a reação inesperada do doutor.
-Cem mil gu....guardados. Seu. Acab.....e com minha dor!

Após ouvir a quantia que estava guardada em um cofre para comprar nossa casa própria e sair do aluguel, o doutor Celso arregalou os olhos e parou de manusear os instrumentos que estava preparando.
-Você disse... CEM MIL?!
Afirmei com a cabeça que sim para evitar outra crise, e o doutor parou para refletir sobre o meu pedido. Se eu pudesse me mexer, estaria cruzando todos meus dedos para ele aceitar a proposta.
-Entenda, isso poderia acabar com a minha licença e eles caçariam meu CRM se isso fosse a público. Eu sei que sua vida está horrível, e o coágulo que se formou no seu cérebro paralisou quase que por completo seu corpo. Eu entrei nesta sala cirúrgica com a pretensão de retirar esse coágulo e tentar trazer sua vida de volta, mesmo com a incerteza de tal fato. O senhor deseja piamente a morte, e um corte proposital no seu córtex poderia causar sua morte. Sua vida está em minhas mãos e eu posso notar explicitamente seu sofrimento, e com isso eu acho realmente que o melhor a ser feito é...
Nesse exato momento, o anestesista já esterilizado entrou no centro cirúrgico e aplicou a anestesia que me fez entrar em sono profundo, sem sonhos ou lembranças.
Após ter ficado inconsciente, não houve mais lembrança para relatar. Não é que não me lembro, apenas não havia mais o que relatar. Ficou tudo preto, definitivo e aparentemente infindável.
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Pause
Que tal parar um pouco, ver suas redes sociais e tomar um café? x^D
Brincadeira, fiz essa pausa só para causar um clima de suspense, e para reforçar que, para aqueles que não entenderam a história a partir daqui, acesse as duas primeiras parte -  Parte 1; Parte 2 - no Reflect About que foi onde tudo começou. Bora continuar?
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-Olá, você está me ouvindo? Abra os olhos, veja onde você está. Já acabou, passou tudo. Vamos lá abra os olhos e me mostre que você acordou para vir ao meu encontro.

Lentamente, estava recobrando minha consciência. Tudo estava leve, calmo e tranquilo. Não havia mais monitores, médicos, dores e principalmente, eu podia sentir meu corpo. 
ESPERA, EU PODIA SENTIR MEU CORPO! 
Fui abrindo meus olhos devagar e vi uma luz branca se aproximando de mim, e a cada milímetro que eu movia minhas pálpebras, a luz ficava mais próxima. Quando finalmente abri meus olhos eu pude vê-lo, eu não acreditava no que estava vendo...

Doutor Celso estava ao meu lado me acordando da anestesia. Eu ainda estava no hospital e vivo! Com até certo carinho, ele me balançava para acordar e apertava a minha mão para eu tentar demonstrar alguma reação. 
-Eu senti. _Por hora, foi o que eu consegui dizer, mas por conta de a anestesia ter me dopado.
-O senhor sentiu meu aperto de mão?! Isso é incrível! A cirurgia foi um sucesso!!! _ Essa última frase ele aumentou a entonação, e um leve coro de aplausos e comemoração pode ser audível de longe.
-Você não faz ideia de quanto eu relutei para aceitar sua proposta, mas antes de começar a cirurgia, eu voltei para me reesterilizar. Nada demais, apenas uma precaução minha. E na sala estava a sua mulher, ela veio me procurar antes que começasse a cirurgia para falar comigo. Ela me falou sobre sua aflição e sua ânsia pela morte, mas também me contou o que sente por ti, e que tem um sonho desde pequena: se casa...
-Casar com o amor de sua vida. _ Completei a frase.
-Exato, e ela me disse que VOCÊ é essa pessoa. Por isso ela me implorou para que eu fizesse tudo que estivesse cabível em minhas mãos para salvar a sua vida, autorizando qualquer procedimento que fosse necessário ser tomado sem a necessidade da prévia consulta dela, por ser a responsável por você enquanto estava inapto a responder por si próprio.
Bom, descanse por enquanto, e logo você já estará no quarto iniciando sua recuperação e a fisioterapia _ Finalmente completou o doutor Celso.

Fiquei reflexivo após a saída dele. Geovana me ama mais do que qualquer outro amor que ela já tinha tido, e essa foi a maior prova de amor que eu tive em minha vida. Nunca antes alguém havia feito algo tão maravilhoso por mim, e eu sei que nunca mais conseguiria encontrar outro alguém igual.
Lentamente, consegui mover meu dedo, mesmo que alguma dificuldade, para apertar o botão que chamava a enfermaria. Após alguns segundos, uma enfermeira com um ar levemente preocupado entrou no CTI:
-Está tudo bem? O senhor precisa de algo?
-Não, só queria confirmar que estava tudo certo. Você poderia me cobrir os pés? Estou sentindo um ventinho no meu dedo. _Disse, confirmando que os movimentos do meu corpo estavam começando a voltar e minha vida estava tomando um novo rumo, mesmo passando a beira de seu fim.

Bom pessoal, é isso! Se você gostou do texto, ajude a divulgar, clicando nas redes sociais aqui embaixo! Twitter, Facebook, até Orkut tá valendo (se você ainda usar... vai que, né?). Divulgue também a página do Papiro Moderno, curtindo a página no Facebook e seguindo pelo Twitter, aqui na barra ao lado ->.
Logo penso em um próximo texto, mas só repetindo: o blog não será constante e não tem uma data prévia para o próximo texto.

Um comentário:

  1. Excelente o texto, muito bom o desfecho tb. Parabéns, e sucesso com o blog novo manolo!
    Só uma coisa...
    FIRST!!!!!!!!111!11!11!

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